Foram mais de dez mil ações judiciais cobrando atrasados. E geralmente os condomínios só recorrem à Justiça depois de negociar muito.
Os prédios de São Paulo cansaram do calote cada vez mais frequente dos moradores e estão recorrendo à Justiça. O número de ações cobrando as taxas de condomínio atrasadas aumentou 11%. Foram mais de dez mil ações cobrando atrasados na Justiça. E geralmente os condomínios só recorrem à Justiça depois de negociar muito. O tempo médio de atrasos que acabam em ação é de três meses.
São 18% andares, 16 apartamentos por andar, 785 moradores. O condomínio nem é tão caro: em média R$ 400. Mas os moradores de 56 apartamentos não estão pagando a taxa de condomínio. Os motivos são diversos. Alguns estão devendo apenas um mês. Outros devem mais de um ano. E outros deixaram de pagar o condomínio há mais três anos.
Como driblar a falta da entrada de dinheiro e continuar a oferecer os mesmos serviços, com a mesma qualidade e sem aumentar a taxa de condomínio? O síndico de um prédio conseguiu isso.
“A gente preferiu renegociar os valores dos nossos prestadores para não repassar isso, mas a gente está conseguindo equilibrar, não estamos, vamos dizer assim, não está sobrando”, diz o síndico Anselmo de Oliveira.
Para ajudá-lo, Anselmo contratou a empresa de assessoria jurídica de um administrador de empresas que trabalha com outros 600 condomínios na Grande São Paulo.
“O quadro de inadimplência, ele vem de dois, três anos para cá, uma crescente e razoável preocupação para que se ligue o sinal de alerta nos condomínios, diz Luiz Urra, assessor jurídico do condomínio.
Para o Secovi, a crise é nacional e atinge pelo menos 40% dos 200 mil prédios de todo o Brasil.
“Existem três fatores preponderantes que causam esse atraso: as tarifas públicas, que subiram muito mais que a inflação, o desemprego e a multa de 2% que estimula o devedor a pagar outros compromissos em que a multa seja maior do que o condomínio, que é uma multa de 2%, diz Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi-SP.
O síndico Anselmo luta com dificuldade para manter as contas em dia, mas continua otimista.
“Eu acredito que vai melhorar, eu acredito, eu tenho que pensar positivo porque negativo eu não posso pensar”, diz Anselmo.
Em dezembro, o número de ações na Justiça subiu quase 30%, na comparação com novembro, maior, portanto, do que o percentual total de 2015, que foi de 11,6%.
Notícia extraída de Portal G1